Revendo meus posts percebi que não falo de outra coisa a não ser minha gravidez. Bem que tento vir aqui e postar sobre comida (estou cozinhando muito pouco, mas daria pra postar), sobre o tempo, sobre a política ou sobre decoração e artesanato. Mas quando abro a caixa de postagem me deparo com mais um post sobre gestação. Portanto, como não consigo fugir do assunto, pelo menos devo falar sobre coisas realmente dignas de serem lidas, não é? Por isso, hoje vou falar sobre a minha primeira gravidez. Será um assunto mais pertinente pra quem está nesse mesmo universo que eu, já que quem passou dessa fase vai achar a conversa meio monótona e sem interesse, por isso, quero pedir desculpas antecipadas às amigas que frequentam o meu espaço e que já passaram ou que ainda não entraram nessa fase.
Engravidei da Kiara quando já estava com 28 anos. Casei aos 19 !! E se me perguntam: estava preparada pra ter um filho? digo NÃO. Aliás, nem sei o que é isso. Acho que a gente nunca está o suficiente preparada pra encarar a maternidade. Tive milhões de medos. Fiquei ansiosa, tive insônia, comprei coisas pro enxoval como louca e não parei quieta um minuto.
Quando estava de 32 semanas de gestação (o mesmo tempo que estou agora) senti enjoos e tive vômitos. Minha sogra me implorou pra eu ir ao médico. Fui. Estava com 2 dedos de dilatação. Fui internada, tomei as injeções de corticóide, remédios pra segurar o bebê, estava com infec'~ao urinária, anemia, placenta já madura e líquido amniótico secando. Depois de muitos exames e 3 dias de internação fui liberada pra vir pra casa, mas tinha que ficar em repouso absoluto. Três semanas depois a serelepe nasceu. Era manhã de Natal. A família estava toda reunida. Na noite anterior havíamos feito uma ceia e estávamos programando o almoço do dia 25.
Fui pro hospital assim que acordei porque durante toda a noite não havia sentido o bb mexer. Pela manhã pedi ao marido que ligasse pra minha obstetra e dissesse o que estava havendo. Ela pediu que a gente fosse ao hospital. Até esse momento eu não estava me tocando de que a Kiara iria nascer. Fiquei meio tonta com tudo que estava se passando. Pra mim, iria apenas fazer alguns exames e voltar pra casa, mas não foi o que aconteceu. Quando dei por mim, já estava sendo anestesiada. Em menos de 30 minutos que cheguei ao hospital a Kiara nasceu. Tinha uma mulher que estava desde a noite anterior em trabalho de parto e tiraram ela do centro cirúrgico pra eu poder entrar.
O que mais me assustou foi quando disseram: prepare-se, agora vamos tirar o seu bb. O anestesista irá atrás de você, pra ajudar a empurrar a sua barriga. Até aí tudo bem. Mas de repente, fez-se o silêncio. Havia 7 pessoas no centro cirúrgico, todos falando alegremente sobre os presentes e a ceia da noite anterior. A anestesista contava a história de quando fez plástica no bumbum (hilária, por sinal). Quando tiraram a Kiara de mim tudo mudou. Ela não chorou. Eu perguntava o que estava acontecendo e não recebia respostas. Ouvia apenas uma frase: é procedimento normal, não se preocupe. Comecei a chorar, a pedir por minha filha, porque ela não tinha chorado, porque não a colocaram sobre mim e ninguém parecia me ouvir. Eu só ouvia burburinhos que não conseguia entender. Estava bem tonta, não sei se por medo, por nervosismo, por efeito da anestesia. Só sei que logo depois disso apaguei.
Em algum momento acordei. Não estava mais no centro cirurgico. Não tinha ninguém ao meu lado ou por perto. Acho que, por ser Natal, estavam trabalhando com o número reduzido de funcionários. Percebi que me estacionaram num estacionamento de macas, porque do lado esquerdo e do lado direito tinha macas vazias. De onde eu estava enxerguei o centro cirurgico e tinha alguém lá sendo operado, mas eu não consegui decifrar o que era. Apaguei de novo.
Bom, pra resumir a história, só me levaram pro quarto 3h depois da cesária. Cheguei lá muito tonta. Não dizia coisa com coisa (pelo menos é o que eu me lembro). A minha filha não estava lá. Fui conhecê-la só no dia seguinte. Ela estava na UTI. Nem usaram a roupinha que eu havia separado pra ser a primeira. Me levaram até ela de cadeira de rodas - terrível - me senti uma inválida. A sensação de vê-la foi dúbia. Estava feliz de ver minha filha viva, mas estava triste de ver minha filha entubada. É terrível. O primeiro contato foi emocionante. Pude por a mão dentro da encubadora e fazer um carinho nela.
Tive que voltar pro quarto e ficar esperando até que ele começasse a reagir ao tratamento pra eu poder alimentá-la. Quando ela pudesse sugar e engolir sem a ajuda dos aparelhos iriam me chamar. Na realidade eu queria ficar ali o tempo todo ao seu lado, mas não me deixaram.
É um vazio imenso ficar num quarto de hospital, após o parto, sem ter o seu filho nos braços. Eu não quis visitas. Deixei ordens na recepção de que o médico não havia autorizado a entrada de pessoas que não fossem da família. Naquele momento eu não queria ter que ficar contando e repetindo pra cada um que entrasse no quarto a minha história e nem queria ouvir uma outra pessoa falando sobre isso. Ainda bem que era Natal e as pessoas quase nem ficaram sabendo que a Kiara tinha nascido. Só depois do ano novo, quando já estávamos em casa é que relaxei e o marido começou a ligar pros amigos e a contar pras pessoas que sua bbzinha tinha nascido e estava bem, em casa.
Por tudo isso que eu tenho um medo horrendo de que o Adriel venha a nascer antes do tempo. E só por isso que estou me cuidando muiiiiiiiiiiiiiiito, estou fazendo tudo que não fiz na gestação da Kiara. Portanto grávidas, levem bem a sério a gravidez, por mais que ela seja tranquila.
Me alonguei por demais, aff, nem sei se eu mesma leria esse texto rs !!!